segunda-feira, dezembro 26, 2011

Desespero

No vale profundo de minhas emoções me encaixo.
Entre agonias e traumas estremeço.
E no desespero exponencial me abraço,
Com um singelo silêncio, emudeço.
Não há palavra existente que exprima
O ácido a arranhar toda a garganta.
A silenciosa dor que me habita
Na infelicidade seca que me espanta.

Na vontade ali, eterna permanente
De gritar ao mundo o que me mata.
Mas a incapacidade em mim latente
Não permite, se recusa e me cala.
Fica o furacão em sua constância
A destruir a sanidade que me resta,
A engolir, sugar com toda ânsia
O que de bom em mim ainda presta.

E me contento com aquilo que consigo:
Na bondade dolorosa de meu lamentar.
As lágrimas impuras que mendigo
Ao céu, a terra, ao inferno e ao mar.
Prossigo seca e fria, dura e rígida
Como a rocha no topo do penhasco.
Rolando eternamente na descida
Interior e única de meu fiasco.

Fillipa Pino - 27.12.11

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